O ceticismo frente à Wilhelm Reich

Wilhelm Reich
Wilhelm Reich

Como admirador de uma parcela significativa da obra de Wilhelm Reich, me sinto no dever de expor alguns equívocos do texto de Richard Morrock – Pseudo-Psicoterapia: OVNIS, Cloudbusters, Conspirações e Paranóia na Psicoterapia de Wilhelm Reich – cuja tradução foi publicada recentemente no site Ceticismo Aberto. O artigo carrega consigo inconsistências que iniciam pelo próprio titulo: Pseudo-psico-terapia, o que autor deseja afirmar com este termo? Acreditaria ele na existência de psicoterapias verdadeiras e psicoterapias falsas? Pois bem, sabemos que no meio cético é comum classificar como pseudociência toda teoria que apesar de fazer uso de termos científicos, não possui qualquer validação através do método científico. É simples caracterizar alguma ideia como pseudocientífica, uma vez que temos critérios rígidos para definir o que é a ciência a partir de seu método de experimentação, comprovação e repetição. Mas quanto à psicoterapia, como afirmaremos se ela é verdadeira ou falsa, uma vez que não existe qualquer método procedural de refutação nessa área, seu resultado depende de critérios subjetivos e frequentemente apoia-se em valores metafísicos? É principalmente o sujeito quem irá poder responder se uma terapia funcionou ou não. Podemos apenas recorrer aos relatos e à estatística – com quantos indivíduos a terapia funcionou? Mesmo o efeito placebo – a crença na terapia – pode ser um indicador de sucesso quando estamos tratando de terapias que não se apoiam em valores científicos, desde as ocidentais como a Psicanálise¹, a Gestalt-Terapia e a Bioenergética, até as orientais, como a Acupuntura.

Sigmund Freud
Sigmund Freud

A partir dessa constatação, podemos observar que apesar do artigo ter saído de uma revista de ceticismo, ele não segue o procedimento típico de um bom artigo cético, que busca desqualificar um fato ou uma idéia “pseudocientífica” através de provas científicas. Trata-se na verdade de um artigo que apresenta críticas sem referências, e que ao tentar atacar Reich e os reichianos ao mesmo tempo – há tanta diferença nestes quanto há em relação a Marx e os marxistas – não completa nenhuma das duas tarefas com seriedade.

De início, o que vemos é uma biografia reichiana seguida de uma observação de caráter sociológico sobre uma suposta contradição na “prescrição revolucionária de Reich”, o que me parece um dos pontos mais problemáticos do artigo:

“Apesar de seus seguidores ignorarem o fato, há uma contradição na prescrição de Reich para a sociedade. Se, como Reich argumenta, a repressão sexual é essencial para a sobrevivência da sociedade classista opressora e se, como ele também afirma, a sociedade classista opressora impõe a repressão sexual, então por onde é que se começa a eliminar a opressão? Não pode ser através da psicoterapia, porque a classe dominante não permitiria, nem pode ser feito através da revolução, porque os trabalhadores sexualmente reprimidos não seriam capazes de criar uma sociedade verdadeiramente livre – basta olhar para a Rússia. Dadas as hipóteses de Reich, progresso social significativo é quase impossível. Não deveria ser surpresa, então, que seu grupo mais ativo de adeptos, o Colégio Americano de Orgonomia, já se afastou das idéias originais esquerdistas de seu fundador e apoia uma variedade linha dura de ultra-conservadorismo.”

Buscar a libertação do indivíduo (eliminar as neuroses autoritárias do corpo, da mente e da sexualidade) ao mesmo tempo em que a libertação na coletividade (lutar por uma sociedade igualitária, sem classes), é certamente uma das maiores contribuições de Reich no campo da luta (psico)social, mas para o autor esta é uma contradição sem solução, pois seria necessário se iniciar por algum lugar. Começar por algum lugar é preciso, mas isso não implica na impossibilidade de se trilhar caminhos simultâneos – isto é tão óbvio quanto perceber a possibilidade (e necessidade) de conciliar uma vida pessoal com uma vida pública. O autor acaba caindo então em sua própria armadilha quando lembra do fracasso da revolução russa e o atribui justamente à falta de uma revolução sexual, ou seja, uma transformação que se estendesse ao campo do indivíduo e suas relações íntimas.

Adorno e Marcuse
Adorno e Marcuse

Vale lembrar que a fusão de elementos da psicanálise com elementos do marxismo encontrada em Reich foi levada a cabo por uma infinidade de outros autores do século XX, como Herbert Marcuse, Theodor Adorno e Raoul Vaneigem. Se para Morrock esta junção é uma contradição, Reich não seria o único a insistir nela. É certo que as ambições sociais desses autores não chegaram a se concretizar na realidade, assim como as ambições de Rousseau não se concretizaram com a revolução francesa e nem as de Marx com a revolução russa. Com isso, ao contrário de provar uma contradição em Reich, este ponto do artigo nos diz apenas que a libertação social e a superação do capitalismo são tarefas bastante difíceis (o que não é nenhuma novidade para os antagonistas do capital). E por mais que os relatos indiquem um conservadorismo em muitos reichianos estadunidenses, o autor comete um equívoco ao inferir que os seguidores póstumos de Reich iriam sempre abandonar a política de esquerda pelas contradições políticas de sua proposta de revolução sexual. No Brasil, por exemplo, nos anos setenta surge a somaterapia, unindo elementos da psicoterapia reichiana, com a crítica ao autoritarismo, a defesa do anarquismo e a capoeira de Angola – vista como uma dança de resistência.

Um mérito que reconheço no artigo está em acertar na identificação do que eu costumo caracterizar como o maior problema de Reich: sua insistência em combater o misticismo ao buscar transformar sua versão² da psicanálise em uma ciência, mas ironicamente terminar em uma espécie de jornada mística. Reich, como marxista tinha o materialismo (histórico/dialético) como valor determinante na composição não apenas social mas também psíquica. A descoberta do orgônio pode ser vista então como a resposta encontrada por ele para justificar seus anseios materialistas. O orgônio seria a energia sexual (a mesma “libido” ou “id” de Freud) que Reich alegava a possibilidade de ser medida por aparelhos eletrônicos ou vista a olho nu, constituindo assim seu aspecto material – físico e biológico.

Representação dialética da energia orgônica
Representação de Reich da energia orgônica

Se existe um ponto controverso nas ideias de Reich e que merece especial atenção dos céticos, sem dúvida é o orgônio. Morrock, ao pretensamente escrever um artigo cético, poderia ter dado mais atenção à questão do orgônio, mas preferiu o clichê de explorar a “ficção científica” de um livro não publicado de Reich contendo especulações sobre os UFOs (e escrito em seus anos mais difíceis e paranóicos), ou ainda, de relatar a opinião obviamente muito negativa de uma celibata, Anna Freud, sobre Reich, que era um ativista da revolução sexual. Já que o caráter pseudocientífico do orgônio foi negligenciado pelo artigo de Morrock, vou eu mesmo adotar uma postura cética e explorar brevemente esta interessante questão.

Reich manipulando cloudbuster
Reich manipulando cloudbuster

Segundo James DeMeo, os orgonomistas possuem estatísticas, documentadas em diversos trabalhos acadêmicos, em que aparentemente provam o funcionamento de cloudbusters baseados no orgônio, manipulando o clima e trazendo chuva para desertos. Mas a existência do orgônio continua tão questionável quanto a existência do inconsciente freudiano, ou do inconsciente coletivo de Jung. Por mais que Reich afirmasse ter medido e ter visto o orgônio, descrito por ele como partículas cintilantes de cor azul, se estas medições físicas realmente procedessem, a orgonomia teria se tornado uma bela ciência. Porém, Reich não submeteu nenhum artigo descrevendo seus experimentos e os justificando cientificamente, ainda que curiosamente, achava estar fazendo ciência. É provável que ele soubesse que apesar de todos os seus esforços, não possuía meios teóricos e empíricos suficientes para tornar a orgonomia em uma ciência e esta seria a fonte de sua paranóia – a impossibilidade de seu projeto de vida. Chegou a pedir ajuda a Albert Einstein, em uma reunião realizada entre os dois em 1941, onde apresentou os princípios da orgonomia e espantou o físico da relatividade ao demonstrar o aumento da temperatura causado por um acumulador de orgônio. Einstein pediu que Reich deixasse o acumulador com ele para que fossem feitos mais testes, para depois de alguns dias escrever uma carta informando o encerramento da questão, ao explicar que o aumento de temperatura ocorrera pelo fenômeno de convergência (os movimentos de ar quente e frio entre o plano horizontal da mesa na sala onde se realizavam as medidas) e não pela ação do acumulador. Reich respondera que a convergência não justificaria o fenômeno, alegando que o aumento de temperatura ocorria em diferentes condições. Einstein, por sua vez, não respondeu mais às cartas, apesar dos elogios que Reich fez ao físico em suas cartas:

“Excetuando meus colaboradores franceses e escandinavos, o senhor é o único homem de ciência que encontrei no decorrer dos últimos doze anos que compreendeu a base física de minha teoria biológica, a saber: o desenvolvimento das vesículas de matéria orgânica pela ação da energia que se desprende da matéria.”

Do ponto de vista físico, é interessante que a noção de orgônio irá se encontrar com a já abandonada ideia científica de éter. Por muito tempo os físicos consideraram a existência do éter como o meio desprovido de forma ou matéria necessário para que a onda de luz vibrasse. A ideia foi abandonada quando a teoria da relatividade restrita (em que Einstein apresenta sua equação clássica utilizando a velocidade da luz como constante) desconsiderou a necessidade do éter. Ironicamente, com a relatividade geral (a aplicação da relatividade restrita à gravidade com a descrição matemática da curvatura do espaço-tempo), Einstein viria a trazer o éter de volta à cena, dizendo: “De acordo com a teoria da relatividade geral, um espaço sem éter é impensável”. Mesmo com esta afirmação, o éter deixou de ser um interesse na física, dada a impossibilidade empírica de seu estudo. O éter se configura então como um estranho fantasma que vem e volta, que não pode ser diretamente medido e por isso especular sobre sua existência – assim como no caso do orgônio – seria um trabalho a cargo dos metafísicos, e não dos cientistas.

Albert Einstein
Albert Einstein

Por fim, é importante notar que no último parágrafo do texto de Morrock, este nos dá a entender que toda a obra de Reich deva ser invalidada por conta de suas paranóias nos seus últimos anos de vida, em que já havia sido expulso e perseguido por diversas instituições. Tal atitude é tão suspeita quanto sugerir que deveríamos também invalidar toda a obra filosófica de Nietzsche ou toda a obra matemática de John Nash (cujo a vida foi narrada no filme Uma Mente Brilhante) por terem sido também vítimas de suas vaidosas paranóias.

Notas

¹ – É evidente que a psicanálise, com suas analogias poéticas de fenômenos psíquicos a partir de figuras da mitologia grega (Édipo, Eros ou Thanatos) situa-se em um terreno mais próximo da filosofia do que da ciência. O bom senso nos permite identificar a limitação da ciência (ao menos em seu estado atual) quando estamos tratando da psique ou da subjetividade, por mais que o ceticismo em sua vertente dogmática não admita. Nao seria por acaso que o comportamentalismo buscou tornar a psicologia em uma ciência a partir da negação da existência da mente e da subjetividade.

² – Reich criou sua própria versão da psicanálise ao romper com Freud por volta de 1934, pois discordava do princípio de Thanatos (pulsão de morte) dualizando o inconsciente juntamente ao princípio de Eros (pulsão sexual, de vida). Enquanto o princípio de Eros já havia sido bem documentado na psicanálise sob a figura do “id” – a energia desejante da sexualidade – por meio de seus estudos Freud chegou a conclusão que o inconsciente desejaria também a morte e a destruição através de um princípio oposto, que identificou com Thanatos, o deus grego da morte. Para Reich, isso era inaceitável, pois afirmar uma tendência natural para o desejo da morte, da destruição e da violência significaria a impossibilidade da realização de seus ideais pacíficos e comunistas. Reich preferiu insistir na existência de apenas uma energia desejante de vida, que a chamou de orgônio, sendo o desejo de morte não uma tendência natural, mas a corrupção do orgônio pela sociedade repressora e autoritária – em suma, esta era uma crença na bondade natural humana, o bom selvagem de Rousseau. Ironicamente, em 1956, ano de seu processo levantado pela FDA (Foods and Drugs Administration) Reich iria voltar atrás e concordar com Freud no princípio de Thanatos, ao afirmar que havia detectado a presença de DOR (deadly orgone – orgônio mortal) no polêmico experimento ORANUR, em que teria submetido o orgônio a elementos radioativos e teria descoberto uma energia anti-biológica, de natureza contrária ao orgônio.

Referências

Somaterapia – http://www.somaterapia.com.br/soma.jsp

DADOUN, Roger. Cem flores para Wilhelm Reich. (Neste livro o encontro de Reich e Einstein é descrito detalhadamente)

DEMEO, James. RESPONSE TO RECENT ARTICLES IN SKEPTIC MAGAZINE – http://www.orgonelab.org/skeptic.htm

OLIVEIRA, José Guilherme. História do conceito de Éter – http://www.orgonizando.psc.br/artigos/hst-eter.htm

MARTINS, Roberto. Espaço, tempo e éter na teoria da relatividade – www.revistapesquisa.fapesp.br/pdf/einstein/martins.pdf

3 thoughts on “O ceticismo frente à Wilhelm Reich”

  1. Lindo, pessoal!
    Vou indicar dialogicamente o Daniel Guerin – Ensaio sobre a Revolução Sexual (publicado em 78 pela Brasiliense), que é muito pertinente e inclusive referência do Roberto Freire para escrever os testamentos da Soma (principalmente o Vol. 1, a Alma é o Corpo).

    Acho que temos que levar a sério publicamente sim, Antonio, pois o neohumanismo, o neopositivismo, o neoliberalismo, o ceticismo anti-experimental, o dogmatismo cientificista, precisam ser desmascarados pois influenciam sobremaneira nossxs contemporânexs e nossas relações que somadas dão no que chamamos de sociedade. Que, diga-se de passagem, está muito autoritária, pudica e injusta. Ainda.

    Sobre o dogmatismo cientificista compartilho este artigo:
    http://pt.scribd.com/doc/3203224/Astrologia-a-luz-das-ideias-de-Popper-Kuhn-e-Feyerabend

    Recomendaria principalmente os trechos em que a autora cita Feyerabend contra os cientistas que utilizam os mesmos argumentos que a santa inquisição usou para queimar livros e pessoas que praticavam ciências “apócrifas” segundo o dogmatismo hegemônico de então.

    Ou seja, assim como as igrejas de antigamente excomungavam experimentalistas taxando-os de charlatães anti-cristãos, anti-teístas, as igrejas “científicas” (autoritárias) de atualmente taxam de misticismo espiritualista qualquer experimento que revolucione seus dogmas elitistas.

    Como poderia-se desconsiderar a influência do sol ou da lua nos metabolismos animais, vegetais, etc?
    Como explicar então a menstruação tender a re-volver a cada 28 dias?

    Além de desejar saúde e anarquia,
    gostaria de entrar em contato Floripa-Joinva pra saber se podemos montar uma oficina de open hardware & software development projects por aqui na linha que cês tão montando aí, que tal?
    Poderíamos pedir contribuição dos oficinandos (começando pro mim) para custear o investimento.
    Abraços!
    PS: Sou analista de sistemas (principalmente PHP) há quase 10 anos. E to (sempre) buscando parcerias cooperativas anti-hierárquicas pra projetos autonomistas!

  2. Cosmonauta, concordo com muitos pontos do que disseste, entretanto aconselho que você revise melhor tua noção “do que é ciência” e “como ela funciona” quando você tenta classificar a psicanálise dentro dos padrões da área das ciências exatas, posso dizer que aqui, tu erra feio! Não podemos acreditar que uma ciência humana pode ser reduzida e validade por um método feito para outras esferas de fenômenos, os das ciências exatas. Se fosse assim, poderíamos fazer o raciocínio inverso e a ciência da física não poderia ser considerada CIENCIA já que não responde aos métodos e não explica os problemas da psicologia no estudo da mente e da consciência do homem.
    Quando propomos uma linha de análise sobre qualquer narrativa científica, estamos propondo adentrar ao ambiente teórico ou da Filosofia da Ciência e Teoria do Conhecimento ou da Sociologia da Ciência, e assim ligamo-nos a uma infinidade de autores e temas. Essa noção de pseudociência é um embuste (de uma facção positivista da ciência que já foi desacreditada, infelizmente é muito popular, pois, é de fácil compreensão), a ciência não é uma, assim como o método não é um só.
    O chamado “movimento cético” que tem esse discurso da CIENCIA, da VERDADE ÚNICA pelo EMPIRISMO e OBJETIVIDADE é caduco hoje nos próprios círculos científicos, ninguém ensina mais esse tipo de ingenuidade, nem mesmo os “criadores do chamado positivismo foram tão basais a esse respeito.
    Vou te dar um quadro teórico geral de como andam as discussões sobre a natureza e a função do que chamamos de ciência e as referencias são inúmeras, de inúmeras escolas, como as que abrangem as propulsores da ciência moderna, com Newton, Descartes, Hume, Kant e Hegel. Também os positivistas como Comte, Laplace, Locke Durkheim; os pensadores vinculados ao Círculo de Viena, neopositivistas como Carnap, Mach-Avenarius e outros. Dos representantes da “nova filosofia da ciência” ou “teorias globalistas da ciência”, ou ainda da “filosofia da ciência contemporânea”, como, por exemplo: Bachelard; Khun, Lakatos, Latour, Toulmin, Feyerabend. Da filosofia analítico-positivista: Wittgenstein, Russell, Austin e Searle, além dos representantes contemporâneos como: Quine, Davidson, Hanson, Toulmin e Putnam; a filosofia da linguagem representada nas idéias da hermenêutica de Gadamer, Greimas; e o pragmatismo e neopragmatismo de Dewey e Rorty. Na Sociologia da Ciencia destacam-se várias teorias relacionadas principalmente à Teoria Crítica com as duas gerações de pensadores da Escola de Frankfurt representadas por um amplo leque de autores considerados de postura relativista, a saber, pós-modernos, pós-estruturalistas e pós-críticos como na Teoria do Relativismo Epistêmico e da Teoria Crítica, essa enfatizando as propostas de Habermas, pensador da segunda geração da Escola de Frankfurt, do Programa Forte e Teoria do Interesse como Lyotard, Derrida; Deleuze, Baudrilard, Foucault; Bhabha (esses fundamentados nas idéias seminais de Heidegger e Nietzsche). Do Construtivismo Social com os clássicos da antropologia da Ciência Knorr-Cetina e Latour; representantes dos novos programas dos “Estudos Sociais da Ciência”. Do Materialismo Histórico trazendo os pensadores grandes clássicos como: Marx, Engels, Gramsci, Poulantzas, Lukács; e da dialética com Marx e Hegel e à hermenêutica com Gadamer e Ricouer e outros do materialismo histórico contemporâneo como Harvey, Eagleton, Mészaros; entre muitos outros.
    Muitos tem visões sobre o que é ciência diametralmente opostas, só que hoje, se valoriza uma episteme muito diferente do que você considerou no seu texto sobre o que tu chamas de “método científico”. Portanto, nesse processo o impasse histórico vivenciado no que se denominou o embate epistemológico da modernidade/pós-modernidade, ou, no campo científico, a “guerra das ciências” (Título atribuído ao debate generalizado envolvendo setores do mundo acadêmico ao longo da década de 1990, mas que remonta, em suas raízes, ao fenômeno identificado desde fins de década de 1950, por Snow, como o fosso crescente entre a cultura científica e a humanístico-literária.)
    Quanto a psicologia e outras CIENCIAS HUMANAS, elas são apenas parte de processos possuem métodos científicos próprios, nem por isso podem ser desvalorizadas. Tem tais características pois precisam ter já que seus “objetos de estudo” tem múltiplos significados, muitos subjetivos e inconscientes que ainda nos são desconhecidos em grandeza, onde a fenomenologia é muitas vezes incomensurável e desafia os modelos consensuais e onde o método reducionista científico não somente falha, mas não pode em verdade atuar.
    Estas esferas, tem uma grande importância para o conhecimento pois podemos ainda sugerir propósito e significados humanos tão ricos quanto a experiência pluralista manifesta pela própria existência humana que não pode ser descrita pela objetividade dos métodos em ciências exatas.
    O conceito de incomensurabilidade foi introduzido, em 1962, por Kuhn e Feyerabend no âmbito da filosofia da ciência. Muitos dos críticos interpretaram a tese da incomensurabilidade no sentido de que duas teorias (modelos, paradigmas) rivais não seriam comparáveis de uma forma racional e objectiva. Daqui à acusação de subjectivismo, relativismo e irracionalismo é um passo que, de facto, foi dado por alguns. Feyerabend terem, repetidas vezes, insistido na afirmação de que dizer acerca de duas teorias que são incomensuráveis não significa que seja impossível compará-las. A incomensurabilidade significaria, porventura, que essa comparação não poderia ser feita através de uma redução ou de outros métodos habitualmente discutidos no contexto da filosofia da ciência. (MARTINS, 1983, pp. 65-66)
    Assim, sem me alongar muito, agradeço por tua disposição em responder ao “péssimo texto de Morrock”, mas não leve muito sério o movimento cético pois é uma facção política Neo-positivista e moralista chamada de “NEOHUMANISMO” que nunca foi levada a sério por cientistas que tem uma sólida formação teórica. É só joguinho dogmático de propaganda e desinformação. O próprio Sr. Mori que se diz “aberto” a discussões me censura e apaga meus comentários em seu site “aberto”, fico imaginando quantos outros cientistas ele deletou de seu site CIENTÍFICO, comento isso apenas para que você não leve muito a sério mesmo e não perca demasiadamente seu tempo .

    Ademais agradeço e gostei da iniciativa, e me dei ao direito de postar essa critica construtiva.

  3. Parabéns pela crítica pertinente, Cosmonauta. O texto de Morrock não me pareceu ter mesmo a intenção de ser uma exposição aprofundada de Reich, e sim um comentário rápido incluindo mesmo avaliações subjetivas. Nesse sentido, me pareceu, e ainda me parece, um bom ensaio.

    Seja como for, as alegações de Reich que interessam ao CeticismoAberto são justamente as relacionadas ao orgônio.

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