Energia livre marca gol!

Tesla botando pra quebrarHá um bom tempo cultivei um grande interesse por iniciativas de
geração de energia alternativa/livre, especialmente quando li um texto
que narra algumas das alucinantes experiências de Nikola Tesla. Tesla foi provavelmente o maior hacker que já existiu,
muito antes da computação ou do termo ter sido criado. Além de ter
compreendido como ninguém os fenômenos eletromagnéticos, inventando as
bobinas, a geração alternada de energia elétrica e diversas outras,
gastou boa parte de sua vida procurando uma solução sustentável de
energia, que garantisse seu acesso gratuito à todos/as, independente de
classes sociais. Nesse ponto, Tesla mostrou ser um cientista preocupado
com os fins que seus inventos seriam utilizados, negando várias vezes
trabalhar para o exército, ao contrário de gente como John Von Neumann,
considerado o criador da computação, que utilizou sua inteligência e
genialidade matemática para ajudar os militares estadunidenses a matar
pessoas de forma mais "criativa".

Tesla percebeu que o próprio
solo e o planeta terra são grandes condutores elétricos, repletos de
energia eletromagnética, bastando apenas conseguir captar essas
radiações de forma adequada em circuitos de corrente elétrica. Quando
ele construiu seus primeiros geradores a partir desses conceitos,
percebeu que há uma energia muito maior que ele imaginava presente na
atmosfera (orgônio?), tanto que com a captação da energia, incendiou um
de seus laboratórios e fez com que toda uma cidade ficasse sem energia
elétrica, pois seus equipamentos não estavam preparados para tal
(over)dose de energia. J.P. Morgan, investidor e banqueiro, parou de
investir nas pesquisas de Tesla quando percebeu o problema que um
gerador que capta energia renovável livremente causaria aos grandes
capitalistas da época. O lucro das maiores corporações petrolíferas, os
governos e talvez o próprio sistema de produção capitalista seriam
ameaçados pelos gerados de Tesla, pois se as pessoas pudessem ter
energia elétrica barata ou de graça, poderiam tornar-se
auto-suficientes em alguns pontos, sem dependência de instituições
lucrativas. %

Gerador TestatikaCom
muito entusiasmo, recentemente tomei nota de uma comunidade na suíça
chamada Methernita estar utilizando o que parece ser o primeiro gerador
funcional de energia livre, depois das experiências de Tesla.
Methernitha é ao mesmo tempo uma cooperativa/comunidade e um conjunto
de pessoas que partilham uma mesma visão cristã primitiva, o chamado
comunalismo cristão, forma de organização predominante antes do
cristianismo ter sido adotado por Roma e idealizado por gente como
Leonardo Boff e a Teologia da Libertação. A comunidade se organiza
sustentavelmente – sem poluir o ambiente – e sem depender do estado
suiço para obtenção de energia elétrica. Parece que algúem por lá leu
muito Tolstoi, hehehe.

Nessa página,
Paul Baumann, engenheiro e visionário criador do gerador Testatika
explica detalhadamente as bases físicas, filosóficas e religiosas (!)
do gerador. A questão é, nem Baumann entende completamente o
funcionamento da engenhoca. Tudo o que pode-se afirmar é que trata-se
de um gerador eletrostático com dois discos/bobinas baseado numa
máquina eletrostática de 1889 chamada Pidgeon. Se Baumann fosse um
cientista, ao invés de técnico/engenheiro, nunca perderia 20 anos em
cima da construção do Testatika, porquê esse gerador e qualquer gerador
de energia livre fere a primeira lei da termodinâmica (princípio de
conservação de calor e energia) e os cientistas nunca iriam tentar nada
que vá contra alguma lei (sagrada) da física. Vejamos o que Baumann
fala sobre a construção de seu gerador:

"This wonder machine is lurked from nature, nothing else. Nature is the
greatest source of power as well as knowledge which man has, and it
still conceals many secrets, which are only revealed to those, who
approach and tie in with them with highest respect and responsibility.
To understand nature and to perceive its voice, man is obliged to
experience silence and solitude, and it was there, where the knowledge
about this technology was obtained."

Nesse ponto começamos a entender o lado freak/visionário de Baumann, ele afirma que
aprendeu a tecnologia do gerador nada mais nada menos que com a Mãe
Natureza (!), que lhe ensina os segredos a quem se aproxima dela com
responsabilidade. Os mas céticos certamente vão a loucura ao ler isso.
E esse trecho complementa:

"This machine puts experts, which are just trained in conventional physics
to a very hard test, because its mode of action is not explainable with
the state of the art of officially accepted physical knowledge, or at the
most only partially explainable. However also a trained specialist should
remain free and independent in his thinking, and should avoid to be limited
by the temporal framework of publicly admitted knowledge in any science"

Ou
seja, ele afirma que as leis atuais da física não são suficientes para
explicar o princípio fundamental do gerador. Em outros trechos, Baumann
complementa sua visão místico/religiosa: "The hard facts rather
show how far man has left the divine order through
his self willed and authoritarian way of action and that he has become
the actual cause of all discord and evil on this planet. Unfortunately
the ruling bodies that should be responsible for the well-being
of the people work too often with the target to make life more and more
difficult and to render impossible every free spiritual development.
Instead of utilising the achievements of science and technology for
the benefit and preservation of all form of life, they are abused
carelessly
and irresponsibly to destroy and to kill, and thus turn them into
a curse upon mankind. To change all this, the evolution of a new
technology is not enough,
even if it were the most ecological and ingenious. To change this
present
status one has to go much deeper down, to the root-cause of all this
evil,
and this is mans way of thinking, his state of mind."

Entendendo ou não o funcionamento do gerador, concordando ou
rindo do misticismo de Paul Baumann, o mais interessante é que diversas
pessoas no mundo todo estão testando e construindo réplicas desse
gerador, e se funcionar corretamente nos outros lugares e com a difusão
desse conhecimento pela internet, teremos como aplicar essa tecnologia
em iniciativas como as de Permacultura.
A criação de uma nova tecnologia não é o suficiente para transformar
relações de poder em relações de apoio mútuo, mas determinadas
tecnologias são favoráveis para tal processo, principalmente as
tecnologias limpas, como as bicicletas. Estabelecer lugares comunitários de convivência, assim como distribuir e desespecializar o conhecimento e a técnica, são ações fundamentais para uma mudança de paradigma, da dependência à autonomia, da passividade à ação, da monotonia à criatividade.

Os recursos energéticos
(sejam os combústiveis para os automóveis ou a energia elétrica) são
uma das maiores correntes que amarram os indíviduos às instituições de
poder. Com alternativas que afrouxem essas correntes, talvez tenhamos
terrenos livres para experimentar formas mais sustentáveis de
livre-associações.

Válvulas e Vinis

É impressionante como nas últimas décadas o mercado se tornou
especialista em produzir mais e mais tecnologias novas, que nem sempre
são melhores que as anteriores, mas mesmo assim as pessoas convencem-se
que são. Dois exemplos típicos são no âmbito da música: amplificadores
solid state (transistorizados) e mídia CD. Ambos oferecem alguns
benefícios imediatos: os amplificadores produzidos com transístors ao
invés de válvulas tornaram-se mais baratos e leves, assim como o CD
trouxe a vantagem do tamanho flexível, capaz de se transformar
facilmente. Mas em questão de timbre musical, nada se compara aos
amplificadores valvulados e aos nostálgicos vinis. Segue abaixo a
explicação do porquê, diretamente coletada da Matrix:

Válvulas

O
verdadeiro motivo pelo qual amplificadores valvulados soam melhor do
que seus descendentes solid state é a diferença das características de
seus componentes ativos ou seja, válvulas e transistores. Os
transistores saturam-se com extrema facilidade e é exatamente por isso
que é difícil projetar um amplificador solid state com som limpo, sem
distorções. A válvula satura-se com mais dificuldade e por isso os
amplificadores valvulados apresentam um som tão limpo e cristalino.
Mas, quando se usa distorção (saturação) é que os solid state ficam
ridículos (Em tempo: quando falo de distorção/saturação, refiro-me aos
altos volumes e não à utilização de pedais overdrive, ok?).

Os
transistores, assim como as válvulas, geram freqüências inexistentes no
som original (som da guitarra), além de achatar demasiadamente os picos
da forma de onda. Essas freqüências sempre são harmônicos de cada
freqüência original e é aí que reside a principal diferença sonora. Os
transistores geram harmônicos de todas as ordens e as válvulas geram,
apenas, os harmônicos pares. O resultado é uma distorção clara e firme
nos amplificadores valvulados e uma distorção "suja" com graves e
médios-graves "ocos" nos solid state. Num acorde distorcido nos
valvulados notam-se todas as notas; é possível dedilhar deliciosamente
e emendar um solo arrasador seguido de uma palhetada delirante nos
bordões. Nos solid state só conseguimos chegar mais ou menos perto
disso, com amplificadores extremamente bem projetados, de som limpo, e
utilizando overdrives valvulados, mesmo assim obtemos a típica
distorção de pré. Outros dois fatores que moldam o timbre dos
valvulados é a ressonância da própria válvula que é oca e trabalha com
vácuo e o transformador de saída, que não é linear e, portanto introduz
modificações no timbre (Os transistores não necessitam de
transformadores para acoplarem-se aos alto-falantes, já as válvulas,
devido a sua alta impedância de saída, devem ter essa impedância casada
com a dos alto-falantes). Isso modifica drasticamente as
características originais do sinal da guitarra. Um inconveniente da
distorção dos valvulados é que só conseguimos os melhores timbres com
altos volumes (você tem vizinhos?) pois as válvulas saturam-se quando
estão trabalhando com altos ganhos e isso, nos pentodos ou tetrodos de
saída, significa regime de alta potência. 

Vinis 

No vinil a gravação é analógica, ou seja, as ranhuras produzem na
agulha as vibrações (ondas, senóides) do ar que geraram o som, conforme
foi gravado, com todos os sons harmônicos que são gerados na execução
ao vivo. No CD há uma digitalização dos sons, isto é, cada ponto da
senóide que representa o som é convertido em um grupo de sinais 0 e 1.

Quanto maior a capacidade de gravação dos CD ou quanto menor for o
espaço físico necessário para a gravação digital, que ocupa muito mais
espaço físico para armazenar a mesma quantidade de som (com harmônicos
e tudo) do que um equipamento analógico, melhor será o som do CD. Hoje,
por uma questão do espaço exigido pela tecnologia disponível, há
necessidade de uma redução da quantidade de harmônicos para que caiba
em um CD, portanto, em tese, a qualidade do CD é menor. Ocorre que a
diferença não é quase perceptível pelo ouvido humano médio. Em discos
analógicos de vinil ou alumínio o som é muito
mais "completo" que o do CD, tem todos os harmônicos que foram
produzidos durante a execução ao vivo. O nosso ouvido é analógico e não
digital, se o digital fosse melhor, com certeza nasceríamos com ouvido
digital. A mídia digital tem outros benefícios.