A arte e o cotidiano

" O dadaísmo quis suprimir a arte sem realizá-la; o surreliasmo quis realizar a arte sem suprimi-la. A eposição crítica elaborada desde então pelos situacionistas mostrou que a supressão e a realização da arte são os aspectos inseparáveis de uma mesma superação da arte" 

Este trecho genial escrito por Guy Debord em sua magnum opus "A Sociedade do espetáculo" já me tirou muitas noites de sono. Os situacionistas tinham uma crítica extremamente bem elaborada já nos anos 60, reconhecendo que toda a arte ocidental é um reflexo desta cultura que caracteriza-se como uma esfera separada do cotidiano. A arte como ficou conhecida ao longo dos séculos, presente em lugares construídos especificamente para isso, contém o anceio de liberdade, o anceio de expressão direta, porém, não direcionados ao cotidiano.

Cada movimento artístico surgido a partir do barroco, caracterizou-se por ser a negação do anterior, até se chegar ao dadaísmo, que propôs algo radical: a anti-arte, o fim da arte. A arte, a embriaguez de espírito, como chamava Nietzsche, no século XX passou a ser defendida como característica inalienável de um aspecto inseparável da vida humana, mas dentro das situações de vivência cotidiana, e não nos museus para ser apreciada pela burguesia. 

Essa é uma reivindicação extraordinária, mas como tirá-la dos livros e aplicá-la no cotidiano?

Isso só será possível se ocorresse antes a almejada revolução social, planejada e formulada por tantos marxistas e anarquistas?