Mais sobre dualismo e cristianismo

Publiquei o texto do post anterior no site do CMI-Brasil, nesse link. Houve uma pequena discussão interessante, que vou reproduzir aqui:

 Comentário 1

Dualidade e dualismo
Janos Biro 27/02/2009 14:57

janosbirozero@gmail.com
antizero.rg3.net

Olá

Acho
que há um ano atrás eu concordaria com este texto. Mas depois de
estudar sobre religião eu acho que ele tem algumas brechas.

A
começar a dualidade platônica não é entre o bem e o mal, e na verdade
Platão não era exatamente um dualista, e afinal ele é pré-cristão,
então o erro não seria do cristianismo. Quem instaura a dualidade como
a conhecemos hoje é Descartes, mas o cristianismo original não é
cartesiano. Quando criticamos o dualismo estamos criticando a idéia de
que há duas realidades distintas no universo. Se é tudo é uma coisa só,
tudo pode ser explicado por um só método. De qualquer forma a ciência
ganha, e embora a física quântica use um pouco de dualidade, o resto da
ciência quantitativa se apóia no oposto.

Negar o dualismo não
pode ser igual a negar toda e qualquer bifurcação. Algumas coisas
simplesmente têm dois lados, como uma moeda. Claro, há um dualismo no
cristianismo, mas ele não leva às conclusões do autor. O dualismo é que
Deus é absolutamente diferente do mundo físico, e logo não pode
alcançado pelo homem com ciência, por exemplo, como o deísmo afirma.

Não acho que este dualismo deva ser rejeitado a priori, o que não justifica o dualismo que o autor critica, é claro.

É
o cristianismo que está transvestido de modernidade, ou a modernidade
que está transvestida de cristianismo? Há alguns anos atrás houve um
surto de cristianismo no Brasil, de neopentecostalismo principalmente,
apoiado por expansão do poder midiático das igrejas. Mas é algo muito
diferente do que era o cristianismo original, talvez até oposto,
segundo muitos teólogos e sociólogos da religião.

Eu concordo
que essas igrejas se tornaram comércios. E mesmo os ateus e agnósticos
se tornaram sim muito parecidos com estes religiosos, porque no fundo
todos estão atrás de dinheiro e poder.

Mas, dizer que não
existe verdade absoluta acaba servindo hoje em dia para afirmar que não
há verdade de forma alguma, estabelecendo uma relatividade absoluta.
Isso também não funciona.

No trecho "O cristianismo é a
ideologia do sofrimento, da martirização, da negação da vida, do
autoritarismo, do julgamento e da remissão dos pecados", eu observaria
algumas coisas. Cristianismo não é procurar o sofrimento, mas entender
que todos vamos sofrer, e saber aprender com isso. Sacrifício é uma
parte importante da vida, que nossa sociedade, exatamente pode ser uma
sociedade do prazer, do descompromisso e da desconfiança (por ser
também do sadismo e da exploração), não aceita. Agora negação da vida?
Só é negação da vida se você reduz a vida ao caráter meramente
biológico dela, ignorando seu significado para além da ciência.
Autoritarismo? Também acho que não, embora a autoridade seja sim um
valor para o cristianismo, não é autoridade forçada. Julgamento e
remissão dos pecados também tem seu sentido para o cristianismo, mas
isso não justifica qualquer julgamento, apenas o julgamento divino.

Um
cristão não pode dividir as pessoas em pecadores e não pecadores, por
conta própria. Só Deus pode fazer isso, e a princípio somos todos
pecadores, e nem por isso devemos ser impecáveis, apenas evitar o
pecado. A Bíblia não diz que deve-se cortar os laços com quem peca, se
este estiver disposto a reconhecer seu erro e mudar. Auto-crítica não é
isso também?

Um amigo antropólogo que estuda indígenas
brasileiros me falou uma vez de uma sociedade indígena onde tudo,
absolutamente tudo, era dividido em dois. Me esqueci o nome das duas
palavras, mas funcionava assim, todas as pessoas e coisas são do tipo A
ou do tipo B, elas herdam isso de nascença, pela herança paterna ou
materna, não me lembro, e a pessoa de um tipo não pode casar com uma
pessoa do mesmo tipo, e assim por diante. Eles tem um dualismo, mas não
entre bem e mal.

Mas a teologia cristã na verdade nega o
dualismo bem/mal, diretamente. Segundo alguns teólogos, o bem é a única
coisa que existe, e o mal representa a falta de bem, como frio é falta
de calor. A falta absoluta de bem anula a si mesma. Isso é só um
exemplo.

Grande parte dos falsos dualismos que são defendidos
hoje não tem origem cristã. Então eu acho que seu texto poderia ficar
melhor, sem essas associações precipitadas. Quer criticar o dualismo?
Pode criticar. Quer criticar o cristianismo? Pode criticar. Quer
criticar as duas coisas ao mesmo tempo? Isso é bem mais complicado.

Abraços

Janos

Comentário 2

Exato
humilde 27/02/2009 20:32

Creio que Juno matou a parada!Jesus cristo pregou a vida em abundancia,
e seu ponto de partida e’ de um pai amoroso que se sacrifica pelo seu
filho.O verdadeiro cristâo da’ a vida pelas geracoes
futuras!Misericordia e piedade para aqueles que se arrependem de seus
erros!

Comentário 3

Cristianismo Libertário
Kaiser 77 28/02/2009 19:34

http://cesarcrash.blogspot.com

Talvez o meu commentário não acrescente nada. Mas também me sinto na
obrigação de dizer que sofrimento, martirização,negação da vida e
autoritarismo, pode ter muito a ver com os ensinamentos de religiões,
igrejas ou pregadores, mas nada tem a ver com o cristianismo puro e
autêntico. Sobre o julgamento, manter distância dos outros, isso é
justamente o oposto dos ensinamentos de Cristo, que diz que devemos
amar a todos, e todos inclui também nossos inimigos. O verdadeiro
cristão não é aquele que não peca, mas aquele que reconhece os seus
pecados.
E aliás, sobre ateus e agnósticos, acredito que tanto
estes como também punks, índios, prostitutas, moradores de rua, têm em
geral valores cristãos que hoje faltam, talvez, na maior parte dos que
hoje se dizem cristãos.

Comentário 4 (minha resposta)

Dualismo e cristianismo de uma única vez
Oriel Frigo 28/02/2009 19:51

Primeiramente, desculpe pelas generalizações. Esse é um tema que dá
muito pano pra manga, e abordá-lo com um texto tão curto acaba por
prejudicar algumas das idéias que pretendi expor.

Quero
deixar claro que quando falo em cristianismo, estou me referindo à
ideologia disseminada pelo império romano, o cristianismo que
conhecemos hoje. Estou ciente de que o cristianismo primitivo tinha um
caráter diferenciado, tendendo para o libertário, com influências do
gnosticismo e do misticismo oriental. Concordo que o dualismo pregado
no cristianismo não tem origem cristã. Pensadores cristãos como Santo
Agostinho organizaram a "ideologia cristã" com uma base forte em
Platão. Mas convenhamos, o dualismo de Platão é por demais parecido com
o da igreja católica, enquanto o primeiro criou a distinção entre "o
mundo das idéias" e o "o mundo dos sentidos", o segundo se utilizou
dessa mesma base, trocando apenas o "mundo das idéias" pelo "mundo dos
espíritos". Tanto em Platão quando no cristianismo, existe a crença
numa espécie de pureza do primeiro mundo, divino, intocável pelos
humanos, enquanto o "mundo dos sentidos" é considerado sujo,
pecaminoso, etc.

Tudo bem, os dualismos constituem as bases
para diversas religiões e filosofias, mesmo nos budistas ou em
Schopenhauer, iremos encontrar essa distinção entre fenômeno e coisa em
si, sendo sempre o mundo dos fenômenos desvalorizado e o da coisa em si
aquilo que é intocável e imutável. Respeito essas crenças, mas acredito
que o mundo dos opostos muitas vezes funcione como uma espécie de
atração perigosa, assim como o próprio racionalismo desenfreado.
Enquanto acreditamos em um dos lados, estamos sujeitos a atitudes
dogmáticas e totalitárias, que frequentemente tem nos levado a
abstrações rígidas e desumanas como Estado, Igreja, Poder. Não acredito
que devamos sucumbir a um relativismo absoluto, mas acho que precisamos
de boas doses de relativismo e de visão transdisciplinar para superar
alguns dos maiores erros de nossa civilização. A coisa é tão profunda,
que mesmo dentro do movimento anarquista, observamos várias pessoas
pregando uma dicotomia. Por um lado, existiria o "anarquismo social" ,
do outro o "anarquismo individual ou de estilo de vida". Alguns
defendem que o primeiro é o legítimo anarquismo, o verdadeiro caminho a
ser atingido para alcançar a revolução social, outros acreditam o
inverso. É tão difícil assim enxergar que dicotomias como indíviduo X
coletivo nos levam a uma polarização onde os dois extremos acabam por
ser incompletos? O ser humano não é nem um ser apenas individual, nem
apenas um produto social, é ambos. Vários campos da ciência e filosofia
tem aberto essa discussão, estudando conceitos aparentemente opostos
como "parte X todo" ou "onda X partícula" ou ainda "corpo X mente". A
conclusão está sempre tendendo para o seguinte:

a) A parte não
pode ser eficientemente compreendida unicamente e isoladamente, e nem o
todo. No fim das contas, segundo biólogos como Humberto Maturana em
seus estudos de organismos vivos, o todo é mais do que a simples soma
das partes e cada parte contém uma espécie de princípio do todo. Isso
curiosamente pode se aplicar a relações parte-todo tão distintas como
indíviduo-sociedade, organismo-corpo, átomo-molécula, molécula-célula.

b)
Diversos físicos acreditaram que o nível mais fundamental da matéria se
comporta como uma partícula, com propriedades físicas como massa e
carga elétrica. Com o estudo da luz e a descoberta de que a velocidade
e posição das partículas se comportam de forma não determinística, como
uma onda de probabilidades, os cientistas passaram a acreditar que
elétrons, mésons seriam ondas. Hoje se acredita que ambos sejam
corretos, dependendo do referencial do observador.

c) Doenças
como câncer não podem ser consideradas nem como sendo uma patalogia
puramente corporal e nem como puramente mental. A medicina oriental há
milênios desconhece a separação corpo-mente, e trabalha a cura a partir
de uma perspectiva psicossomática.

Negação da vida e ideologia do sofrimento

Quando
falo em negação da vida, isso se refere ao termo que Nietzsche
trabalhou, o fato do cristianismo romano ter travado uma guerra contra
os instintos humanos, contra o sexo, os prazeres, a alegria de viver, a
espontaneidade. O prazer até é permitido em algum ponto, mas sob
severas limitações.
No fundo isso é uma consequência daquele velho
dualismo de Platão, que enxerga o mundo dos sentidos (por acaso o mundo
em que vivemos), como algo pecaminoso.
Para entender o que quero
dizer com ideologia do sofrimento, basta pensar no símbolo máximo do
cristianismo. Um homem completamente ensaguentado, flagelado, pendurado
numa cruz. Esse símbolo representa um ideal a ser atingido, a
martirização.Trata-se de uma imagem que faz seus seguidores sentirem
culpa, sentirem-se reponsabilizados pelo assassinato de seu santo. Não
falo isso como um espectador que conhece vagamente a ideologia cristã.
Fui educado por uma família rigidamente católica, inclusive por
catequistas. Encarei dentro da família uma censura contra a diversão, a
alegria e o sexo. Os únicos valores dignos são o trabalho, o
sofrimento, o doar-se pelo próximo. E o mais fantástico, é que o
essencial na defesa desses conceitos é a imagem. Mesmo os mais
ferrenhos luteranos, vangloriando a imagem do trabalho, no fundo é
sempre possível perceber que eles não amam tanto assim trabalhar. Eles
amam a imagem do trabalho. Assim como tantas pessoas não amam tanto
assim doar-se ao próximo, mas estão fascinadas pela imagem que passam
aos outros e principalmente a imagem que passam para Deus, que estará
julgando no purgatório *. Uma vida baseada na repressão e em
castrações, segundo Wilhelm Reich, causa diversas "sequelas" no âmbito
social/político. Não é por acaso que na ficção de George Orwell, 1984,
o sexo e os instintos são mantidos em controle, para que a sociedade
possa dedicar todo o esforço ao estado e à obediência cega.

Diversos
pensadores dialético-materialistas como Bakunin, defenderam que o que
impossibilita os cristãos de lutarem por um "mundo terreno" mais justo,
é a crença de que as injustiças sociais são naturais, frutos do pecado original de Adão e Eva, e simplesmente não podem ser
combatidas. Para muitos cristãos, a revolução irá acontecer, mas no
momento da morte, quando será possível encontrar o paraíso utópico, a
vida eterna prometida por Cristo. Por isso que religiões mais
fundamentalistas como os testemunhas de jeová ou os adventistas, adotam
um compromisso de afastamento ou de serem "neutros" nos assuntos
políticos "mundanos".

É um desafio criticar tanto o
cristianismo como o dualismo de uma única vez, mas ao contrário do que
foi colocado, acho que os dois estão muito ligados, a não ser que se
esteja falando de interpretações alternativas do ensinamento de Cristo,
como levadas a cabo pelos gnósticos ** ou por Tolstoi. O dualismo
rígido vem de Sócrates, passando por Platão e Aristóteles mas o
cristianismo comprou a idéia. E hoje, diversos grupos que não possuem
mais nenhuma ligação com o cristianismo continuam comprando essa idéia.
O que enxergamos como resultado são as novas cruzadas da inquisição
neoliberal, marxista ou tecnocrática, onde indíviduos são seduzidos
pelo dualismo bem-mal, e sempre acreditam estar percorrendo o caminho
do bem, enquanto todas as outras crenças e atitudes são o caminho do
mal. Isso é um tremendo obstáculo para superarmos nossas diferenças e
pudermos finalmente caminhar na estrada da pluralidade.

*
Poderia-se ainda discutir que apenas o Deus do antigo testamento julga,
e o Deus do novo testamento não parece mais julgar, em vez de um
legislador e destruidor de cidades vingativo, Cristo ensinou que Ele
agora é apenas puro amor. Mas o foco aqui não são as contradições da
bíblia, que aparentemente foram ignoradas pelos cristãos romanos.

**
Existe ainda uma interpretação que acredita que Jesus tenha tido vida
sexual com Maria Madalena e que praticava yoga tantrico para atingir a
"iluminação através do orgasmo cósmico".

Comentário 5

 

Falando sobre falsas dicotomias…
Janos Biro 28/02/2009 20:41

janosbirozero@gmail.com
largue.rg3.net

Eu concordo parcialmente com sua resposta, no sentido de que o que é
chamado de cristianismo hoje em dia, ma maior parte das vezes chega a
ser anti-cristão.

Porém, a repressão é apenas um dos lados com
que o totalitarismo funciona, e foi bom você lembrar de Orwell, pois
Huxley escreveu Admirável mundo novo como uma resposta ao 1984, e nele
há uma distopia tão ou mais totalitária que a de Orwell, onde no
entanto não há repressão, pelo contrário, há liberação sexual, de
prazeres e vícios e o mote é: "Não negue-se nada". Acho que a sociedade
hoje deixou de ser tão repressiva quanto ela era, e passou a se parecer
mais com a distopia de Huxley, pelo motivo que ele mesmo alega: é mais
eficiente. A capitalismo exige isso.

Eu sou luterano e eu não
vejo o trabalho como algo valoroso por si só. Na nossa sociedade, o
trabalho é alienante. Mas antes de conhecer essa perspectiva, eu também
julgava conhecer muito bem o cristianismo, e também fui criado num lar
católico. Frequentar a igreja não foi suficiente para que eu conhecesse
a fé cristã.

Mas de qualquer forma parabéns pelo artigo e pela reflexão.

Abraço

 

Bicicletada em Joinville!

 

A bicicletada, antes de tudo, não é apenas um passeio ciclístico,
tampouco, apenas um protesto. É um passeio crítico, uma coincidência
organizada, e por isso escolhemos o horário de pico para pedalar.
Joinville é um caso típico da insustentabilidade dos automóveis. A
cidade, como tantas outras no país e no mundo, já não possui estrutura
para suportar o fluxo de tantos carros, principalmente nos horários de
pico. Ninguém realmente pode correr nesta hora e está cada vez mais
difícil andar rápido de carro (para felicidade dos que atravessam as
ruas). De forma contraditória, Joinville, é considerada a cidade das
bicicletas, mas somente os ciclistas notam que a cidade tem menos de
meia dúzia de ciclovias.

 

Antes da tirania dos automóveis, as cidades costumavam ser um espaço de
convivência, as ruas e praças eram lugares para se estar. Hoje, com as
modificações causadas pelo crescente uso de carros, as cidades
tornaram-se barulhentas, cinzas, fedorentas e as ruas apenas lugares
para se passar. 40 mil mortes por ano causadas por acidentes de carro,
efeito estufa, buracos na camada de ozônio, e a mídia continua dizendo
que precisamos comprar mais carros para sermos socialmente aceitos.
Todo o processo de degradação do ambiente e o aquecimento global é
acelerado pela fumaça dos automóveis. Se não fizermos algo agora, num
futuro não muito distante a superfície de nosso planeta irá tornar-se
tão hostil à sobrevivência quanto às superfícies de Marte ou de Vênus.
Nós pensamos a bicicleta como um meio de transporte. Nós e as milhares
de pessoas que não têm um carro ou preferem usar a bicicleta para
trabalhar, estudar e se locomover. A utilização da bicicleta consiste em
uma prática ecológica, saudável e divertida. Venha pedalar conosco em
todas as últimas sexta-feiras do mês! Venha de bicicleta skate, patinete
ou patins! Só não venha de carro!

 

Local de encontro: Praça do Mercado Municipal

Horário: 18h

Quando: Toda última sexta-feira do mês, começando em 25/01/2008

Trajeto: A ser definido no início da bicicletada

Energia livre marca gol!

Tesla botando pra quebrarHá um bom tempo cultivei um grande interesse por iniciativas de
geração de energia alternativa/livre, especialmente quando li um texto
que narra algumas das alucinantes experiências de Nikola Tesla. Tesla foi provavelmente o maior hacker que já existiu,
muito antes da computação ou do termo ter sido criado. Além de ter
compreendido como ninguém os fenômenos eletromagnéticos, inventando as
bobinas, a geração alternada de energia elétrica e diversas outras,
gastou boa parte de sua vida procurando uma solução sustentável de
energia, que garantisse seu acesso gratuito à todos/as, independente de
classes sociais. Nesse ponto, Tesla mostrou ser um cientista preocupado
com os fins que seus inventos seriam utilizados, negando várias vezes
trabalhar para o exército, ao contrário de gente como John Von Neumann,
considerado o criador da computação, que utilizou sua inteligência e
genialidade matemática para ajudar os militares estadunidenses a matar
pessoas de forma mais "criativa".

Tesla percebeu que o próprio
solo e o planeta terra são grandes condutores elétricos, repletos de
energia eletromagnética, bastando apenas conseguir captar essas
radiações de forma adequada em circuitos de corrente elétrica. Quando
ele construiu seus primeiros geradores a partir desses conceitos,
percebeu que há uma energia muito maior que ele imaginava presente na
atmosfera (orgônio?), tanto que com a captação da energia, incendiou um
de seus laboratórios e fez com que toda uma cidade ficasse sem energia
elétrica, pois seus equipamentos não estavam preparados para tal
(over)dose de energia. J.P. Morgan, investidor e banqueiro, parou de
investir nas pesquisas de Tesla quando percebeu o problema que um
gerador que capta energia renovável livremente causaria aos grandes
capitalistas da época. O lucro das maiores corporações petrolíferas, os
governos e talvez o próprio sistema de produção capitalista seriam
ameaçados pelos gerados de Tesla, pois se as pessoas pudessem ter
energia elétrica barata ou de graça, poderiam tornar-se
auto-suficientes em alguns pontos, sem dependência de instituições
lucrativas. %

Gerador TestatikaCom
muito entusiasmo, recentemente tomei nota de uma comunidade na suíça
chamada Methernita estar utilizando o que parece ser o primeiro gerador
funcional de energia livre, depois das experiências de Tesla.
Methernitha é ao mesmo tempo uma cooperativa/comunidade e um conjunto
de pessoas que partilham uma mesma visão cristã primitiva, o chamado
comunalismo cristão, forma de organização predominante antes do
cristianismo ter sido adotado por Roma e idealizado por gente como
Leonardo Boff e a Teologia da Libertação. A comunidade se organiza
sustentavelmente – sem poluir o ambiente – e sem depender do estado
suiço para obtenção de energia elétrica. Parece que algúem por lá leu
muito Tolstoi, hehehe.

Nessa página,
Paul Baumann, engenheiro e visionário criador do gerador Testatika
explica detalhadamente as bases físicas, filosóficas e religiosas (!)
do gerador. A questão é, nem Baumann entende completamente o
funcionamento da engenhoca. Tudo o que pode-se afirmar é que trata-se
de um gerador eletrostático com dois discos/bobinas baseado numa
máquina eletrostática de 1889 chamada Pidgeon. Se Baumann fosse um
cientista, ao invés de técnico/engenheiro, nunca perderia 20 anos em
cima da construção do Testatika, porquê esse gerador e qualquer gerador
de energia livre fere a primeira lei da termodinâmica (princípio de
conservação de calor e energia) e os cientistas nunca iriam tentar nada
que vá contra alguma lei (sagrada) da física. Vejamos o que Baumann
fala sobre a construção de seu gerador:

"This wonder machine is lurked from nature, nothing else. Nature is the
greatest source of power as well as knowledge which man has, and it
still conceals many secrets, which are only revealed to those, who
approach and tie in with them with highest respect and responsibility.
To understand nature and to perceive its voice, man is obliged to
experience silence and solitude, and it was there, where the knowledge
about this technology was obtained."

Nesse ponto começamos a entender o lado freak/visionário de Baumann, ele afirma que
aprendeu a tecnologia do gerador nada mais nada menos que com a Mãe
Natureza (!), que lhe ensina os segredos a quem se aproxima dela com
responsabilidade. Os mas céticos certamente vão a loucura ao ler isso.
E esse trecho complementa:

"This machine puts experts, which are just trained in conventional physics
to a very hard test, because its mode of action is not explainable with
the state of the art of officially accepted physical knowledge, or at the
most only partially explainable. However also a trained specialist should
remain free and independent in his thinking, and should avoid to be limited
by the temporal framework of publicly admitted knowledge in any science"

Ou
seja, ele afirma que as leis atuais da física não são suficientes para
explicar o princípio fundamental do gerador. Em outros trechos, Baumann
complementa sua visão místico/religiosa: "The hard facts rather
show how far man has left the divine order through
his self willed and authoritarian way of action and that he has become
the actual cause of all discord and evil on this planet. Unfortunately
the ruling bodies that should be responsible for the well-being
of the people work too often with the target to make life more and more
difficult and to render impossible every free spiritual development.
Instead of utilising the achievements of science and technology for
the benefit and preservation of all form of life, they are abused
carelessly
and irresponsibly to destroy and to kill, and thus turn them into
a curse upon mankind. To change all this, the evolution of a new
technology is not enough,
even if it were the most ecological and ingenious. To change this
present
status one has to go much deeper down, to the root-cause of all this
evil,
and this is mans way of thinking, his state of mind."

Entendendo ou não o funcionamento do gerador, concordando ou
rindo do misticismo de Paul Baumann, o mais interessante é que diversas
pessoas no mundo todo estão testando e construindo réplicas desse
gerador, e se funcionar corretamente nos outros lugares e com a difusão
desse conhecimento pela internet, teremos como aplicar essa tecnologia
em iniciativas como as de Permacultura.
A criação de uma nova tecnologia não é o suficiente para transformar
relações de poder em relações de apoio mútuo, mas determinadas
tecnologias são favoráveis para tal processo, principalmente as
tecnologias limpas, como as bicicletas. Estabelecer lugares comunitários de convivência, assim como distribuir e desespecializar o conhecimento e a técnica, são ações fundamentais para uma mudança de paradigma, da dependência à autonomia, da passividade à ação, da monotonia à criatividade.

Os recursos energéticos
(sejam os combústiveis para os automóveis ou a energia elétrica) são
uma das maiores correntes que amarram os indíviduos às instituições de
poder. Com alternativas que afrouxem essas correntes, talvez tenhamos
terrenos livres para experimentar formas mais sustentáveis de
livre-associações.

Macacos-prego se rebelam!

notícia que recebi do seu Moésio Rebouças (A.N.A): 

O título original da matéria (ler abaixo) é esse: "Macacos-prego causam
prejuízo e viram caso de polícia em Pernambuco". Mas mudei, dei mais
sentido à ação dos macacos, pois dá para perceber que os animais estão
é se rebelando contra essa praga chamada "ser humano", vida civilizada,
prisões, domesticação. Casos parecidos como esses já aconteceram na
África, inclusive envolvendo outros animais, principalmente elefantes.

Putz,
quando acabei de ler essa nota perdi o fôlego, meu corpo parecia uma
centelha, queimava. Queria explodir de alegria! Sei lá, nos tempos que
correm de tantas imbecilidades humanas, essa notícia lavou a minha
alma. Quanta dignidade desses macacos!

Que bom, mas que bom
saber que os animais ainda estão com instintos selvagens afiados, que
não se renderam, não se curvaram, que "tão botando pra quebrar", ao
contrário do "ser humano", conformado, manso, obediente, bom cidadão,
arrogante, prepotente… Argh!

A destruição é criativa!

Viva
os animais! Viva a Natureza! Viva a rebelião! Ninguém, nenhum maldito
deterá a Revolução da Natureza, ela está vindo, conseguem perceber,
sentir?

Livres e Selvagens!

Macacos-prego causam prejuízo e viram caso de polícia em Pernambuco

Dois
macacos-prego viraram caso de polícia, em Exu (699 km de Recife), após
invadir e causar prejuízos em pelo menos cinco casas da cidade nos
últimos dez dias. Em um dos imóveis, um dos animais promoveu um
incêndio, segundo moradores.

Na quarta-feira (08), um dos
macacos foi detido por moradores que se prontificaram a levá-lo ao
escritório do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis em Crato (533 km de Fortaleza). Até esta
segunda-feira (13), ele não havia chegado ao órgão.

No sábado
(11), moradores acionaram a polícia para retirar outro macaco de uma
casa. O delegado de Exu, Romildo dos Santos, disse que levou o animal
ao Ibama, onde está em quarentena. Ele afirmou que não há como saber
qual animal foi responsável por cada invasão.

"Ficamos sabendo que ele entrou na casa de um pastor e fez a maior
bagunça. Quebrou o teclado do computador, espalhou comida pela casa e
até rasgou as páginas de uma bíblia", disse Santos.

O chefe do
Ibama em Crato, Eraldo Oliveira, disse que o macaco entregue ao órgão é
do sexo feminino e tem cerca de três anos. "Estamos com 11 macacos.
Todos eles parecem ter sido criados em cativeiro, inclusive esse último
que recebemos. Eles não podem ser soltos na natureza pois não
sobreviveriam", disse.

O professor Francisco Moreira Lopes
disse que pensou ter sido vítima de um trote quando foi informado, na
quarta-feira, que um macaco havia colocado fogo em sua casa. "Perdi
roupas, colchão, tapete, aparelho de DVD e ainda vou ter que pintar a
casa toda", disse Lopes, que estima um prejuízo de R$ 3.000.

O
delegado Santos disse que está investigando quem eram os donos dos
macacos. "Eles (macacos) não podem ser responsabilizados pelo que
cometeram, mas seus donos podem."

Uberaba – Nesta terça-feira
(14), a Prefeitura de Uberaba (494 km de Belo Horizonte) constituiu uma
comissão de biólogos e veterinários para definir o futuro do macaco
Chico, que vive em uma mata da cidade há cinco anos.

Chico é
acusado de promover invasões na vizinhança e em prédio público, furtar
e destruir objetos e documentos e atacar visitantes. Somente em julho,
18 ocorrências de mordidas foram registradas por freqüentadores da Mata
do Ipê.

Saber – Vontade – Querer

Max StirnerUm mergulho profundo no meu Eu/Individual acarreta na compreensão e
harmonização da realidade Coletiva? Bom, parece que é isso que Max
Stirner, tenta mostrar em seu livro "O falso princípio da educação" ,
que terminei de ler hoje. Com a proposta de refutar os dois modelos
educacionais vigentes após a Revolução Francesa (Humanismo e Realismo),
Stirner sugere que o simples saber, desprovido de vida, não deve ser o
objetivo da educação. Condena o Humanismo, corrente educacional que
preocupava-se com a erudição (antiguidade clássica), por considerá-lo
como" forma desprovida de conteúdo", assim como o Realismo, por formar
cidadãos utilizáveis e submissos. O livro, escrito há 130 anos, é
extremamente atual, principalmente quando a análise é feita em relação
ao Realismo. Com a crescente industrialização da sociedade, o Humanismo
praticamente deixou de existir, dando lugar à formação técnica, voltada
para o desempenho de atividades industriais. Hoje, todo o ensino
(primário, ensino médio, universitário) é completamente voltado às
necessidades do mercado, influência marcante do Realismo, que adota a
lógica de formar cidadãos práticos. As instituições de ensino formam
parafusos, dispostos a encaixarem-se precisamente em seus cargos
tediosos. Parafusos que desejam viver e morrer parafusos, ora pois, não
é raro presenciar pessoas perguntando "pra que eu preciso aprender
isso? isso vai me dar dinheiro?". Esse é o reflexo da educação voltada
aos interesses práticos e pessoais. Stirner deixa claro que os
interesses pessoais de nada tem a ver com a relização do Eu Único, da
espontaneidade. Em diversos momentos, sua abordagem metafísica
assemelha-se aos ditos budistas do auto-conhecimento, ou da frase
célebre de Sócrates : "Conhece-te a ti mesmo!". Para ele, a escola
libertária não deve ter outro objetivo senão desformar (e não formar)
indíviduos, torná-los consientes de sua individualidade, como condição
para a liberdade e igualdade. Liberdade e igualdade que inicia-se
consigo mesmo, para emanar no coletivo. Para isso é necessário que o
Saber seja morto, ressuscitando como Vontade, e finalmente sublimando em Querer. Eis
aí presente a fórmula dialética, mas invertida de cima pra baixo, da
esquera pra direita e vice-versa.

Não é necessário dizer que
Stirner foi altamente odiado em seu tempo, e permanece incompreendido
até hoje. Uns dizem que foi o pai do anarco-capitalismo, outros que foi
a principal influência de Nietzsche, e há até quem o considere como uma
das influências de Mussolini. Erros de interpretação a parte, o fato é
que ele enxergou a miséria humana começando em sua (falta de) relação consigo
mesma, a psique. Ao contrário de Marx e outros, que viram todos os
problemas na economia, política, religião, ou seja, externamente. Pode
parecer "weird" , mas pra mim cada vez sinto mais que o Interno é reflexo do
Externo, o Micro do Macro, o Pessoal do Político, o Individual do
Coletivo e assim por diante. Os físicos que o digam, num universo onde
a Ordem parece ser o Caos.