… exalta-se a suposta democracia, através de belas propagandas comemorando o fantástico direito de votar. A utilização de uma atriz grávida nas propagandas que exaltam as eleições certamente não é casual, a imagem de uma barriga avolumada por um feto em desenvolvimento espalha os memes de que um novo Brasil, ainda em gestação, pode ser construído através do voto. É lógico que isso tudo vem acompanhado de roupas brancas, sorrisos e discursos emocionantes e uma bela música que poderia ter saído de uma das novelas da Rede Globo.
Democracia é um desses conceitos abstratos que é utilizado com diferentes intenções e significados, apesar da definição formal ser bem clara: a possibilidade de participação e decisão da população na gestão dos bens e serviços públicos.
Todas as propostas dos candidatos que concorrem aos cargos de gestão pública são iguais: investimentos em educação, saúde, segurança, cultura, lazer, transporte público. Porém, depois de eleitos, abafam, com o uso de força policial, qualquer reivindicação popular de melhoria para alguma dessas áreas. Não é nem preciso citar a podridão que existe por trás de tudo que os políticos realizam depois de eleitos, pois até mesmo a Globo já tem realizado bem essa tarefa. O que a grande mídia esquece de dizer, é que o esquema já começa podre desde as eleições, e que não é mais possível dizer se o mais podre são as pessoas ou o modelo. De qualquer forma, o modelo é formado e regido por pessoas, e como diriam os estudiosos da Teoria Geral de Sistemas / Complexidade, em um sistema dinâmico não há nenhuma parte desconexa, todos os componentes estão em intensa interação, modificando e sendo modificados de acordo com a função do sistema. No caso do sistema que representa nosso modelo nacional e planetário de gestão de recursos (humanos ou não), qual a função dele? Perpetuar sua própria existência?
Há 2 anos o Centro de Mídia Independente de Joinville redigiu esse texto e distribuiu pelas ruas da cidade no periódo das eleições, afim de demonstrar que o modelo representativo de gestão não é tão democrático quanto parece nas propagandas. Parafraseando o texto citado, votar nulo não significa fazer algo para mudar o problema, significa apenas reconhecer que o problema existe.
Por não acreditar que o modelo vigente seja democrático, tenho anulado meu voto nas últimas eleições, porém no caso da eleição atual em Joinville, considero a hipótese de votar no segundo turno, especialmente para evitar a vitória de Darci, que como presidente da câmara de vereadores demonstrou toda sua falta de bom senso.
É preciso ter os pés no chão e perceber que nem tudo é do jeito que idealizamos, mas também é preciso sonhar e agir.
Para @s romântic@s e apaixonad@s que querem sonhar e receber sugestões mais profundas de como iniciar a resolução do problema, leiam Bolo’Bolo , um manifesto anônimo muito inspirador!