Temos visto uma diminuição pelo interesse no cristianismo nas últimas gerações, mas se fizermos
uma análise mais profunda, vemos que o cristianismo está lá com todos os seus símbolos mais básicos, apenas transvestidos com outras máscaras.
Parece estranho ouvir que vivemos em uma sociedade cristã, pois todos sabemos que a sociedade moderna ocidental tem seus valores máximos fetichizados sob a forma do consumo, pois nossas igrejas são os shopping centers, nossas orações são os jingles repetidos pela
televisão tão exaustivamente como mantras hindus, ou como ave-marias em um terço católico.
Mesmo entre ateus e agnósticos temos visto o cristianismo impregnado em seus discursos, principalmente sob a forma de dualidades do tipo bem-mal ou sob a crença em alguma verdade absoluta, que é alcançada por algum indíviduo privilegiado.
O cristianismo é a ideologia do sofrimento, da martirização, da negação da vida, do autoritarismo, do julgamento e da remissão dos pecados.
Quantos de nós, assim como cristãos, não estamos sempre dividindo nossos companheiros entre pecadores e não pecadores?
Se algum deles peca, imediatamente cortamos nossos laços interpessoais, e o colocamos na lista de pecadores, aqueles que devemos manter distância, para que possamos preservar nossa "pureza espiritual".
Modestamente, penso que o dualismo reducionista, a divisão binária, só funciona bem para a lógica booleana e a subsequente construção de computadores através de sinais digitais.. E não para a organização social humana!
Não estamos tão presos a ideologias dogmáticas quanto os cristãos medievais, reduzindo e classificando friamente, ao invés de pensar e sentir com o coração?
Porquê não dar um espaço para a espontaneidade e a auto-crítica?