A Imersão de (desc)construtiva de Arte e Tecnologia foi um evento informal ocorrido em Floripa entre os dias 11 e 15 de Janeiro de 2010, onde estudantes de computação, engenharia, história, física, arte e psicologia se encontraram para criar e compartilhar artefatos técnicos. O ambiente foi a casa dos Tragtenberg, graças ao apoio de João, que a exemplo de seu conhecido avô, faz a sua parte por um futuro mais interessante.
Tantas pessoas juntas de áreas diferentes me fez lembrar os encontros da Conferência Macy, ocorridos entre 1946 e 1953, onde a cibernética foi fundada. Mas o aspecto das várias disciplinas coexistindo parece ser o único comum entre a Imersão e as Conferências Macy. Há uma diferença essencial: apesar da cibernética ter sido uma das primeiras iniciativas de uma pesquisa amplamente transdisciplinar, ela estava sendo criada para usos militares, e seus resultados permaneciam ocultos.
Na imersão de Arte e Tecnologia, o compartilhamento e o aprendizado coletivo definiram o modo de trabalho, influência inegável da cultura do software livre e do copyleft. Mas para que criar artefatos técnicos, o mundo já não está cheio deles?
As razões podem ser várias: para fazer música, para uma instalação interativa, para obter um transmissor de rádio. Tudo depende dos interesses individuais ou coletivos daqueles que inventam. Não há nada de novo aqui, as pessoas sempre inventaram. Mas nos últimos 150 anos, o que prevaleceu foi a invenção patenteada, o enjaulamento das idéias. Precisamos levar as idéias, nossas criações, para seu espaço de origem, para o meio comum.
Aconteceram oficinas de eletrônica básica e de linguagens multimídia livres como PureData, Processing e Arduino. Foram desenvolvidos projetos como um bafômetro, um robô feito com um leitor de células (de uma máquina caça níquel), luzes dinâmicas, miniamplificadores e comunicação sem fio para o Arduino.
Há uma série de coisas que estamos começando a (re)pensar. Qual o significado do que chamamos de culto à gambiarra? É apenas mais um "hobismo" de classe média, ou uma tendência de criação improvisada para as próximas décadas, à medida que as pessoas tornem-se cansadas de serem passivas, alvos inertes da produção em massa das fábricas?
Essa questão fica para ser respondida mais tarde, pois na medida em que estas redes de troca de conhecimentos se fortalecerem, teremos mais indícios e respostas. Por enquanto ficam fotos, vídeos e relatos , ainda sob construção.
Imersão na Lagoa da Conceição: